Se a gente reconhece que a amamentação é, também, uma forma de relacionamento, cabe a cada família determinar a hora de encerrar esta etapa para passar para a seguinte.
Na nossa experiência, vemos que é comum, entre mães que amamentam tranqüilamente, manter a amamentação como é recomendada pela Organização Mundial de Saúde: por dois anos ou mais. Entretanto podemos olhar ao nosso redor e ver que em grupos afastados da civilização consumista em que estamos, a amamentação é prolongada por muito mais tempo, respeitando fatores culturais e condições locais.
Podemos verificar que entre os mamíferos e principalmente os primatas, o mais comum é amamentar até a troca dos dentes de “ leite”, ocorrendo algumas vezes, como nas pessoas, amamentação de duas crias de idades diferentes num mesmo período. O bom senso, o respeito e a atenção aos motivos de se prolongar a amamentação é que dão os limites e dizem quando parar. LIMITE é um dos fatores fundamentais para o desmame e para se buscar outra forma de manifestação do amor, de nutrir e trocar.
Amamentando dois
Algumas famílias precisam encerrar um ciclo para iniciar outro e necessitam desmamar uma criança quando engravidam novamente ou para engravidar novamente. O maior risco de abortamento durante uma gravidez em que ainda há a amamentação é o início, mais ainda quando a mãe nem sabe que está GRÁVIDA. Mas é fundamental estar alerta quando existe ameaça real de aborto com cólicas intensas e perdas sanguíneas, o que é um motivo de desmame bem indicado.
Cada família sabe como se adaptar ao novo bebê, e algumas mães “deixam“ um peito para o mais velho dos filhos e separa o outro para o novo bebê (claro que na ausência do primeiro, o bebê “tem que aliviar o peito da mãe” e acaba mamando os dois). Como o maior vai mamar menos vezes isto não costuma causar problemas. Ainda há outras que dão o peito aos dois ao mesmo tempo nas mamadas “compartilhadas” principalmente de início e final de dia.
No Brasil, ainda é forte a disseminação de outras formas de alimentação para bebês, quando a indústria, brinquedos, televisão, filmes e até mesmo livros infantis deixam de mostrar a amamentação como forma de alimentação entre os mamíferos para apresentarem uma forma artificial como regra.
Este problema torna-se mais evidente nas camadas sociais mais pobres, onde o acesso às informações corretas é mais complicado devido às inúmeras dificuldades que enfrentam.
Sabendo-se que o leite materno é alimento mais adequado, mais barato e mais indicado para o início da vida humana, e entendendo que a amamentação fortalece o vínculo das relações humanas, nós, Amigas do Peito, que vivenciamos o apoio à amamentação desde 1980, desejamos partilhar esta experiência, favorecendo a construção de uma sociedade mais favorável à amamentação. Assim nos juntamos aos muitos grupos que desde 1969 vêm trabalhando, no Brasil, com mulheres e as questões da maternidade em áreas carentes de recursos.
Sobre os benefícios da amamentação prolongada, Kelly Bonyata, escreveu uma ótima síntese aqui (em inglês).
Seguem alguns trechos em português ligeiramente adaptados por nós. (Infelizmente não localizamos o nome do tradutor/a. Se souber, nos avise para darmos o crédito). No site original, você pode encontrar todas as fontes citadas.
Amamentar crianças maiores têm benefício nutricional Pesquisas mostram que o leite materno durante o segundo ano de vida da criança continua sendo uma importante fonte de nutrientes, especialmente de proteína, gorduras e vitaminas.
No segundo ano de vida, 500ml de leite materno proporciona à criança: 95% do total de vitamina C necessário 45% do total de vitamina A necessária, 38% do total de proteína necessária, 31% de caloria do total necessária.
Alguns médicos podem pensar que a amamentação vai interferir em relação ao apetite da criança para outros alimentos. Contudo não existem pesquisas indicando que a criança amamentada têm maior tendência a recusar outros alimentos que a criança que já desmamou. Na verdade, a maioria dos pesquisadores em países subdesenvolvidos, onde o apetite de uma criança desnutrida pode ser de importância vital, recomendam que a amamentação continue para crianças com desnutrição severa.
Crianças maiores que ainda amamentam adoecem menos Os fatores de imunidade do leite materno aumentam em concentração, à medida que o bebê cresce e mama menos. Portanto, crianças maiores continuam recebendo os benefícios da imunidade.
Claro que em boas condições de saúde, o desmame não é uma questão de vida ou morte, mas a amamentação por mais tempo pode significar menos idas ao pediatra. Crianças entre 16 e 30 meses, que ainda são amamentadas, adoecem menos e por menos tempo que as que não são.
Crianças amamentadas têm menos alergias Está bem documentado que quanto mais tarde se introduz leite de vaca e outros alimentos alergênicos, menos provavelmente essas crianças vão apresentar reações alérgicas.
Crianças amamentadas são mais espertas Crianças que foram amamentadas têm melhor performance na escola e maiores notas . Os autores desse estudo, que acompanhou crianças até os 18 anos descobriram que quanto mais tempo as crianças são amamentadas, maiores as notas que recebem nas avaliações.
Crianças amamentadas são mais ajustadas socialmente Um estudo com bebês amamentados por mais de um ano mostrou uma ligação significante entre a duração do período de amamentação o ajustamento social em crianças de 6 a 8 anos de idade. Nas palavras dos pesquisadores: “Existem tendências estatísticamente significantes para que a desordem na conduta diminua com o aumento da duração da amamentação”. Mamar durante a infância ajuda bebês e crianças a fazer uma transição gradual. Amamentação é um amoroso jeito de atender as necessidades dasa crianças e bebês. Ajuda a superar as frustrações, quedas e machucados e o stress diario da infância.
Atender as necessidades de dependência da criança, de acordo com o tempo único de cada criança é a chave para ajudar a criança a alcançar sua independência. Crianças que conquistam sua independência em seu próprio ritmo são mais seguras dessa independência que as crianças forçadas a isso prematuramente.
Amamentar crianças maiores é normal A “American Academy of Pediatrics” recomenda que as crianças sejam amamentadas por ao menos todo o primeiro ano de vida, e por mais tempo se a mãe e o bebê quiserem. A Organização Mundial de Saúde reforça a importância de amamentar até os dois anos de vida ou mais. A média de idade de desmame, em todo o mundo é de 4,2 anos.
Mães que amamentam por mais tempo também são beneficiadas · A amamentação prolongada pode diminuir a fertilidade e suprimir a ovulação em algumas mulheres · A amamentação reduz o risco de câncer de ovário · A amamentação reduz o risco de câncer de útero · A amamentação reduz o risco de câncer de câncer de endométrio · A amamentação protege contra osteoporose. Durante a amamentação a mulher experimenta uma diminuição na densidade óssea. A densidade óssea de uma mãe que está amamentando pode ser reduzida, em geral em 1 a 2%. No entanto, a mãe tem essa densidade de volta e pode até ter um aumento, qaundo o bebê é desmamado. Isso não depende de um suplemento adicional na alimentação da mãe.
� · A amamentação reduz o risco de alguns tipos de câncer de mama. · A amamentação tem demonstrado diminuir a necessidade de insulina da mãe diabética. . Mães que amamentam têm tendência a perder o peso extra adquirido na gravidez mais facilmente.